quinta-feira, maio 12

Desaforo da espera, comboio que nunca mais chega

Magoaste-me de uma forma tão bruta e desonesta que permitiste que a dúvida se instalasse na minha alma. Mostras-te agora impecavelmente querida o que me leva a pensar se não será uma forma de pedires desculpa, de dizer "fica bem que eu quero seguir a minha vida sem remorsos".

Eu penso sempre que não, que não é isso.

É tão mais fácil ir e não pensar, não pensar que me estás a fazer a cama simplesmente para ficar deitado a ver-te dormir com outro, e porquê sempre com esse outro.

Já me questionei se te fizesse o mesmo se sentias a dor que ja eu senti por tantas vezes, se gostarias que pronunciasse baixo ao ouvido de outra as palavras que já te disse. Sabes que seria impossível dizer o mesmo pois o texto só é matéria porque tu existes, não teria impacto, porém já pensaste nisso, se te faria confusão? A mim faria confusão fazer exactamente o que me fizeste. Só de pensar na dor que isso é capaz de causar penso que não sobreviverias, desculpa o exagero da expressão, e eu não posso viver sem ti
mais ainda, não quero.

Estou cansado desta peça de teatro e como uma vez disseste "esperar" é uma palavra horrível.
Ter esperança será ainda pior portanto o que espero para acabar com a minha?
Porque é que me sinto tão mal quando penso que posso ser frio contigo quando o que já me fizeste sentir foi ainda pior e mais gélido?

Este drama só vai conhecer o seu extâse quando eu partir.
Só esse triste fim é que te vai dar a noção
e a mim
do que eu valho, e poderei valer o meu peso em ouro quando comparares o futuro que perdeste com o passado que não queres largar, com a estátua de bronze que colecionas à já alguns dias.

É melhor ir antes que isto se estrague por completo. Já lá vão tantas facadas que demos que daqui a pouco nem os pedaços servirão para encher o prato a uma refeição.
Comecei a fazer as malas mas curiosamente deixei a roupa toda de fora para ter espaço para meter-te lá dentro. Oiço o comboio ao de longe e tenho o bilhete na mão...

Poderei ter tempo mas não quero um fim assim e muito menos um começo deste género.

quinta-feira, maio 5

5 euros e não se fala mais nisso (poética do desentendimento)

Tenho imensa coisa na cabeça hoje em dia. Organizem uma feira de pensamentos e emoções e providenciem-me um espaço para poder expor os meus trapos mentais e de certeza que não se arrependerão. Terão de tudo a preços competitivos e com um bocado de lábia até são capazes de levar alguma coisa de borla, vejam lá se a fartura não é tanta.

Tenho imensa coisa na cabeça hoje em dia que é um desperdício eu não quer fazer nada com ela, portanto ao menos que alguém as use para seu proveito.
Estão demasiado comprimidas essas coisas, entre elas parece que perderam o sentido, que não se conseguem definir percebem?

Sinto-me em liquidação total, vendo tudo, dou tudo, não quero ficar com nada.
Tenho imensa coisa na cabeça hoje em dia e tenho muito mais ainda na alma, mas uma coisa de cada vez.
Não me deixem sem roupa assim de repente.