quarta-feira, abril 28

Para ti mana

Nunca acredites em ninguém que te parta o coração e depois te peça desculpa!
Lembra-te sempre que Deus dá nozes a quem não tem dentes, e às vezes dá dentes a quem não os merecia ter.
Cabe-te a ti fazer o que ele não faz e partir a boca a uns quantos filhos da puta.

Acredito nas tuas inocentes razões para continuar a escrever, já que afinal de contas bebemos do mesmo sangue.
Vamos seguir o caminho da não existência maninha, com algumas alterações evidentemente.

sábado, abril 24

Tudo tem um fim, e há coisas que nem um princípio tiveram. São como este blog, nunca existiram. Dentro de alguns dias este espaço voltará para o seu infinito. Agradeço a todos o que o seguiram, sinceramente.

sexta-feira, abril 23

Conta-me histórias

Vi o que ele viu, o navio à sua frente. De velas abertas senti o que ele sentiu, a forte brisa em sua direcção. Ouvi o que ele ouviu, o fervoroso barulho das ondas a bater no casco. À popa o sabor a sal, o sabor que me chegou ao paladar e que chegou ao paladar dele. Capitão, por quanto mais tempo iremos nós perseguir aquele navio, perguntei. Até à eternidade se ela existir, respondeu de olhos fixos nos horizonte. Tenha pronto o canhão marujo e deixe-se de perguntas idiotas. Está pronto Capitão, precisamos somente de saber que mensagem é que lhe pretende enviar. Escreva, Eu também sou livre mas podemos parar juntos aqui. Haverá sempre mar para navegar.

Ouviu-se um estrondo e um objecto em forma de bola salta no sentido do navio à nossa frente chegando ao seu destino com uma prontidão perfeita. Em menos de um minuto uma mensagem de volta voa em nossa direcção, e com a mesma exactidão caí aos meus pés. A mensagem marujo, dê-ma imediatamente, gritou o Capitão. Percebi o que ele percebeu, sabíamos o que esperava ao navio da frente. O Adamastor já nascia ao fundo e era dos piores que poucos tinham tido oportunidade de conhecer. Era meigo, de feições amigáveis, mas um falso da pior espécie e matreiro como um lobo. Que mensagem lhe enviamos Capitão? Com ar determinado e sem desviar o olhar do seu propósito, responde Navega meu amor, Navega. Mais tarde ou mais cedo encontrarás a ilha que tanto procuras.

Pum!

Atenção ao vento. Icem outra vela. Mexam-se marujos que estamos a perde-lo de vista. Espera-vos o gosto do chicote se tal acontecer. Sim Capitão, gritei eu em prol de todos.

quarta-feira, abril 21

Se há lugar onde o carinho pode pertencer é no meio termo. Os extremos existem para dar lugar ao seu nascimento. É aquele espaço entre uma boca e outra quase a tocar-se, uma mão entrelaçada apertada contra os lençóis da cama, o lugar húmido entre o calor de dois corpos, o gancho entre o estado nervoso e o desejo. É certo que os opostos se atraem, mas é preciso seguir a direcção do vento para navegar para tal destino.

Não percam tempo a pensar no assunto que a razão não é âncora deste navio.

segunda-feira, abril 19

Sempre tivemos animais. Cães ou gatos. E já tivemos muitos, mas foram mais os gatos que os cães. Quando o Moisés desapareceu pensamos em não ter mais desses belos felinos, de olhos malandros e de cor doce. Enganámo-nos. Apareceu-nos o Simba, pequeno leão resgatado pelo meu tio da aterrorizante selva que é um parque de estacionamento subterrâneo. Metemo-lo no sotão para não fugir à primeira, mas fugir era algo com que ele não estava preocupado, já que se recusou a sair durante muito tempo e nem a comida que colocávamos à sua porta o era capaz de convidar a ver um pequeno rasgo de sol. A escuridão era a sua casa, a sua dona, levando-me por vezes a pensar que o gato devia ter algum problema físico, que mancasse de uma pata, que tivesse falta de pêlo, enfim, que fosse feio, já que eu nunca havia lhe posto os olhos em cima. Pelo contrário. O gato é de uma beleza única, e hoje em dia gosta tanto de a mostrar como gosta de mostrar os dentes a quem quer que se aproxime, sempre na defensiva, incapaz de baixar a guarda, mesmo para nós. Gostamos muito da forma como arranja engraçados movimentos para se manter a uma distância simpática, mesmo quando não lhe prestamos a mínima atenção este gere sempre a sua manobra como se fosse o centro das atenções, como se de um drible se tratasse e estivéssemos entre ele e a baliza. Tem sido assim mas com o passar dos dias perceberá que fazemos todos parte da mesma equipa, e que todos nos queremos bem, que os tempos em que lutara sozinho contra o mundo acabaram pois aqui ninguém lhe voltará a fazer mal algum.

As pessoas não são como os animais. Os animais nunca poderão ser corajosos como as pessoas porque todo o seu propósito de vida é dado através da experiência, o que faz deles uns matemáticos frustrados que só sabem a tabela de multiplicação, e daí normalmente ouvirmos o ditado gato escaldado, medo de água fria tem. Sempre me mostraste os dentes e meteste as unhas de fora quando te tentei acarinhar, arranjaste manobras muito mais espirituosas para te meteres a andar, e muito embora agora caminhes por esta selva com esses olhos malandros mais calmos, parar para sentir está quieto. Ainda assim gosto mais de ti que do Simba. Afinal de contas sou humano não?

sábado, abril 17

É muito triste quando se dão, os mal-entendidos. Quando não se fala ou se fala pouco sobre o assunto, quando os gestos não estão dentro do mesmo tom, fora de escala e harmonia, tendem a estar para o dó de mi, ou de mim. Porque é em dó de mim que devíamos e devemos analisar esta canção. Não é por falta de maturidade da minha parte, mas é porque falta é algo que não toca no teu instrumento.
Sem pressões ou manifestos sentimentos de piedade, tenho uma criança para dar a adoptar. Chama-se paixão paixão, e é uma querida.

quinta-feira, abril 15

Sou suspeito mas é nos teus lábios que procuro a inocência da minha vontade.
Deixa cair o martelo e profere a sentença.
Não quererás com certeza, que seja eu o juiz da relação, do tribunal das coisas por haver.

Qual é a diferença entre o querer e o ter vontade?
A finalização!
Um beijo nessa tua boca ou um estalo neste meu doente coração.

A tua felicidade pode muito bem ser o fundo da minha tristeza.
Não é preciso um mapa para dar com este poço.
O caminho é sempre em frente e para baixo.

terça-feira, abril 13

Lamentos de ser

Não sei quem és, eu
Não saberás o que foste
Mas lamentarás o que podias ser?
Corta os cabelos e dá a Dalila
E em extrema unção
Não serás outro senão João

Está tudo dentro do mesmo tom

Deixei de me perceber para te tentar compreender, e o que me deste tu a entender?

domingo, abril 11

Abraçava-te e contigo o infinito vislumbrava,
Se ao tempo eu não parecesse
Menos sabes tu que és Dona da minha eternidade

Ponto de vista

Não te quero ver
Porque só ver-te não chegaria
Como não acalmar saberia

Mas se à vista do desalento e sofrimento sem ti resolvo ficar
Que se foda aquilo que custar
Se queres que te diga: não te quero ver

Oh, mentiroso sou
E às mais tristes batalhas assim vou
Para no horizonte perspectiva não conseguir ter
Da cobardia das enfermidades sofrer
Por assim tanto te querer