segunda-feira, dezembro 14

Disfunção matinal, esboço de uma mente resignada

Não consigo perceber muitas vezes porque me foi concedida vida. O único motivo que me parece válido é que nasci para ser apresentado à morte, essa soberana senhora do povo crente e não crente, somos todos seus súbditos mas somos poucos aqueles que lhe concebemos orações. Tenho manhãs em que sinto vontade de me prostrar de joelhos e de lhe pedir que me arme seu cavaleiro, que me deixe trotear pelo seu reino fora, pelos campos onde o horror não encontra pouso e à injustiça a água não chega e a brisa dela se desvia, impedindo-a assim de florescer. Sim, tenho manhãs em que acordar é uma batalha extremamente complicada onde o último golpe só é disferido quando a noite chega e o exército recolhe à dormida.