terça-feira, dezembro 7

Ando demasiado adormecido para dizer que durmo. Dizer que se pratica o sono exige dizer que se pratica também o inverso, o que obrigaria dizer que abri os olhos e vi perfeitamente que tu nunca gostarás de mim, que te diriges para longe desviando-te de todos os pedaços do amor que sinto por ti e que uso para impedir que te afastes a uma velocidade feroz.

Ando demasiado adormecido para dizer que durmo e enquanto durmo para dizer que ando adormecido, adormeço o dormir que é dormir sem ti ao meu lado. Não quero despertar e ver-te embarcar na viagem a que tens direito, deixando comigo o dever que é deixar-te partir, deixando comigo a bagagem de dor que nunca conseguirei desfazer.