terça-feira, agosto 30

Recordo-me das coisas boas.
Lembro-me da primeira vez que estive contigo, no sofá de minha casa. Tenho um álbum de fotografias tuas na minha memória, de grande parte dos teus gestos, de quase todos os teus movimentos.
Considerei esse momento como um ponto de partida. Acreditei que teríamos criado um elo e que nos preparávamos então para descobri-lo e vivo-lo. Entre o que se acredita e o que a realidade aspira vão um conjunto disperso de cheiros e sabores, e talvez saberes.
O teu passado meteu-se à mistura e disse porque é que te estás a meter com ele e não ficas comigo? Eu é que estive lá nos teus momentos mais difíceis, achas justo deixares-me assim?
Parece que não achaste e continuaste assim por ai além, a seguires-te sempre pelas suas palavras, sem me explicares ou me dares um cartão de visita dessa tua situação.

Como disseste uma vez e muito bem, existem modelos. Esses modelos só deixam de existir quando são descontinuados e surgem outros melhores. Ora de para além trazeres contigo modelos muito antigos, peças de colecção, não há de todo qualquer comparação possível comigo.
Sou de série única, não existem muitas reproduções de mim espalhadas por esse mundo fora logo não me podes tirar as medidas.

Recordo-me das coisas boas, passados inacabados onde existiu o desejo mas onde a razão foi sempre mais forte. Sim, não podes nem queres largar com quem estás à tanto tempo e por isso e muito mais, descartas-me. Só aquela pessoa te faz feliz, só por ela é que choras e ficas triste quando a deixas, e se na realidade assim não o é, alguém o faz crer que seja.
Por isso recordo-me das coisas boas que foram para mim, porque para ti só há memória de terem sido grandes erros.

Recordo-me...