segunda-feira, maio 17

As palavras, ditas ou escritas, pesam. Principalmente aquelas mais simpáticas, as que roçam no carinho. Lembrem-se que por mais lamechas que as frases possam soar existe sempre uma sensação de leveza quando dizemos adoro-te ou gosto de ti. Ditas muitas vezes transcendem a riqueza e deixam o pobre desconfiado, chegam à nossa alfândega como que um foragido com um passaporte falso, ainda assim, não é agradável ouvi-las, lê-las por vezes?

Não tragam para aqui o orgulho agora. Deixem-no preso a outro poste, a latir se for essa a sua vontade porque também não é necessário amordaça-lo. Ele vai-se calar e eventualmente acabará por morder, e que vos morda a picha ou a rata para metermos a questão da virilidade já de parte.

Vá, cometam esse crime, o de dizer essas palavras. Corram a ser julgados na praça pública, sejam enxovalhados, baixem a cabeça de vergonha, sintam-se a pior merda por não o ouvirem de volta, desfaleçam perante a indiferença, mas que não se atrevam a de dizer eu amo-te. A sociedade é capaz de não vos perdoar por essa, e eu não quero ser acusado de instigador de tal motim! Vai-se a ver e o paraíso ainda é a terra não?