sexta-feira, maio 14

João, onde vais?
Onde queres que vá se estou aqui, se ainda à um minuto me viste aqui, e daqui a dois ainda me verás, respondi estupefacto com a pergunta.
Tenho sempre a impressão que estás pronto para te ir embora, disse, ao mesmo tempo em que retirava os chinelos dos pés e cruzava as pernas na cadeira.
Repara, quantas cadeiras vês tu aqui, nesta sala escura da tua cabeça?
Duas, respondeu de língua afiada.
Pois bem, e como bem observas existem duas. Uma em que estás tu sentada e outra onde estou eu. Não existe mais nenhum sítio iluminado nesta divisão e tu já me disseste que esta cadeira está ocupada, portanto quando me levantar daqui não é para me dirigir a algum lado, mas para desaparecer na penumbra não, e arregalei os olhos como forma de acentuar o meu ponto de vista.
E não haverá mais cadeiras?
Possivelmente, disse-lo depois de dar uma vista de olhos rápida ao local. Mas está tudo muito escuro e cheio de coisas, não tenho a certeza.
Não sei como acender a luz. Se calhar não estamos na minha cabeça, mas sim na tua, afirmo-o de tal forma que essa afirmação sim, era capaz de iluminar o universo inteiro e fazer do sol uma estrela insignificante.
Não faço ideia. Cá para mim isto é tudo fruto de uma história mal contada.